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Ataca ou não?

Updated: Jun 28, 2019

Após banhista ser mordido por um lagarto na praia e passar quatro dias internado num hospital, conversamos com um especialista sobre o réptil teiú, espécie vista com frequência cada vez maior na orla da Barra

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Dois meses depois de ser mordido no pé por um lagarto, no Posto 7, na Praia da Barra, Francisco Chagas da Silva ainda sente dores. Devido ao ferimento, ele chegou a ficar quatro dias internado. Publicada na edição anterior (leia aqui https://bit.ly/2QEN4D2), a reportagem sobre o caso despertou a curiosidade – e a preocupação – dos moradores. Afinal, enquanto biólogos afirmam que o réptil teiú não ataca humanos nem possui veneno, Chico, como o banhista é conhecido, quase perdeu a perna.


Pesquisador e coordenador do Instituto Jacaré, o doutor em ecologia e evolução Ricardo Freitas Filho (foto abaixo), assegura que, apesar de serem forrageadores ativos (ou seja, caminham em busca de suas presas perseguindo rastros e encontros oportunistas), teiús não atacam as pessoas sem motivo.


“Contudo, para fazer qualquer tipo de afirmação, teria que investigar melhor as condições nas quais o animal está vivendo e que tipo de interações as pessoas estão tendo com ele”, pondera Ricardo. Interações, como encurralar, futucar, alimentar ou ameaçar o animal na tentativa de afugentá-lo, podem, segundo ele, gerar reação do lagarto.


Quiosqueiro que trabalha próximo ao Posto 6, Taumaturgo Teles, o Tauma, confirma que as pessoas costumam interagir com os animais. “As pessoas ficam dando comida, se aproximando. Parece que os lagartos estão se acostumando com isso e avançando nos banhistas”, conta Tauma. “Eles estão atacando as pessoas até perto do quiosque, longe daquele mato onde eles costumam se abrigar”, alerta.


Sócio de Tauma no mesmo quiosque, o Ponto Certo, que fica ao lado do bondinho da Banda da Barra, João Boia diz que alguns lagartos vão até a areia, perto da água, atrás de comida. “Parece que sentem o cheiro quando as pessoas estão comendo”.


“O animal disputa território (que já não tem mais). E disputa recursos. Mesmo que seja com as pessoas”, explica o pesquisador. “A maioria dos ataques de animais a pessoas, entretanto, está relacionada ao comportamento irracional da pessoa, e como consequência uma óbvia resposta de defesa por parte do animal”, diz Ricardo.


Monitorar a fauna: solução barata que não é feita

Mas qual seria a solução para o problema? Segundo Ricardo, chamar biólogos para a realização de um estudo no local e fazer o monitoramento da fauna, seriam as primeiras providências a serem tomadas. “Colocar placas informativas e ressaltar que se trata de uma espécie silvestre a ser protegida, distribuir panfletos nos quiosques e cal-çadão com informações sobre o animal também são medidas fundamentais a serem tomadas”, ressalta o pesquisador.

Segundo Ricardo, o custo com o monitoramento da fauna de toda a orla giraria em torno de R$ 10 mil por mês, abrangendo, além da Barra, Recreio, Macumba e Joá. Incluindo répteis, mamíferos e aves.


“No dia em que as pessoas no Brasil entenderem que fazer monitoramentos sérios de fauna e gerar dados concretos são tão bem-vistos para atrair turistas quanto a bunda de nossas mulatas, talvez haja mais interesse e investimento nesse tipo de ação”, finaliza, lembrando que não existe qualquer tipo de monitoramento nas lagoas da Barra, onde habitam diversas espécies de aves, capivaras e jacarés. Algumas, inclusive, ameaçadas de extinção. Reptil pode medir até 1,5 metro

Entre a primavera e o verão, os teiús tornam-se ativos e são encontrados com facilidade em campos, trilhas e matas preservadas. Também podem ser avistados em outros lugares. Em áreas rurais, o teiú pode aparecer inclusive no quintal das casas.


O teiú pode medir até 1,5 metro e é considerado comum no Brasil, ocorrendo em quase todo o País, com exceção da Floresta Amazônica. Distribui-se ainda por Argentina e Uruguai.


Os teiús são onívoros. Insetos, aves e roedores compõem a dieta do lagarto que aprecia, especialmente, ovos.


Assim como outros répteis, o teiú gosta de banhar-se ao sol, em gramados, pedras e mesmo em árvores. É considerado um animal arisco, mas pode se tornar agressivo quando se sentir ameaçado. Geralmente usa a cauda longa para se defender. Costuma se camuflar em meio às folhagens e faz muito barulho ao fugir na mata.


No período de reprodução, a fêmea, que é menor que o macho, põe até 36 ovos, que são incubados por até 90 dias. É das poucas espécies de répteis que têm cuidado parental, guardando os ovos até a eclosão.


Teiús domesticados

Agressividade pode se manifestar em alguns animais (confira no link)

http://portalmelhoresamigos.com.br/teiu-conheca-este-belo-reptil-de-estimacao/


"Apesar dos Teiús terem sido domesticados, a agressividade pode se manifestar em alguns animais. “Nos mais de 20 anos de experiência, acompanhei este comportamento [agressivo] presente em desde animais muito jovens até adultos, sendo que a grande diferença é que a pequena lesão dolorosa causada pela mordida de um Teiú jovem não pode nunca ser comparada com a mordida de um macho adulto. As lesões podem ser sérias, sem contar o risco de infecção do local da ferida pelas bactérias contidas na boca destes animais, o que também ocorre quando somos mordidos por um cão ou gato”.



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