Vegano desde 2015, mesmo quando esteve preso Dado fez alguns detentos mudarem a alimentação
Dado Dolabella acaba de preparar um tofu caseiro (queijo de soja) com limão, azeite, páprica e um pouquinho de gergelim. Com o iPhone na mão, prepara-se para responder às perguntas da Folha do Bosque. Diz que se sente pleno, feliz e tranquilo depois de um dia bastante produtivo. Na verdade, desde que virou vegano, em 2015, o ator passa por uma transformação no corpo e na mente. Um ano e meio depois de mudar a alimentação, baixou dos 93kg para 78kg. “Quando comecei a fazer essa dieta, eu rejuvenesci uns dez anos. As pessoas me perguntam na rua se eu sou o irmão mais novo do Dado Dolabella”, disse, na época.
O passado polêmico, no qual se envolveu em alguns casos de violência (como a agressão a Luana Piovani) aos poucos vai ficando para trás: “Foi um erro na minha vida, uma coisa que eu não queria ter passado. E é horrível, é humilhante, foi um ato covarde meu”, disse, sobre o caso envolvendo a atriz.
Em sua conta no Instagram, ele dispara agora em defesa dos animais. No carnaval, criticou a fantasia utilizada por famosas durante os desfiles. Um dos grandes alvos foi a atriz Juliana Paes por ter usado penas do rabo de um pássaro raríssimo da Indonésia. “Rainhas da hipocrisia representando uma sociedade que clama por paz e amor, causando o inferno na Terra para todos os outros terráqueos que nela habitam”, dizia o início da mensagem.
Libertado da prisão há pouco tempo, após permanecer detido dois meses por não pagar pensão alimentícia a um de seus filhos, Dado fala a seguir sobre o seu novo estilo de vida.
Você culpa a ingestão de carne por alguns casos de violência em que se envolveu?
“Não! Não atribuo a violência à ingestão de carne. Eu disse que comer carne potencializa a agressividade. A carne apenas deixa as pessoas mais reativas, mais explosivas”.
Soube que deu palestra na prisão, recentemente, sobre o veganismo. Alguém de lá aderiu a essa alimentação?
“O pessoal arregalava os olhos no começo, todos estranhavam bastante. Todo mundo achava que era frescura. Mas, quando eu começava a explicar de fato o que se passa, desde a tortura aos animais escravizados à destruição do meio ambiente e aos danos à própria saúde, eles se preocupavam muito. Sei de três pessoas que se sensibilizaram e aderiram sim ao veganismo. Elas até hoje me agradecem por isso. Também por conta do que falei quase todo mundo passou a se alimentar melhor”.
Chegou a terminar amizade com pessoas carnívoras?
“Não que eu tenha terminado a amizade, mas a energia automaticamente causa o afastamento. Tanto elas de mim quanto eu delas. Tem uma frase em inglês que traduz muito bem isso: ‘A sua energia atrai a sua tribo’. Vejo essas pessoas carnívoras como primitivas, vivendo quimicamente dependentes de um estilo de vida que destrói o planeta, mata os animais e a si mesmo”.
Quanto tempo depois de se tornar vegano você começou a notar mudanças positivas no seu comportamento?
“Logo no fim do primeiro dia já senti o meu corpo agradecendo pela mudança. Primeiro por não ingerir cadáveres, não aceitar a energia de morte, e, segundo, porque o corpo absorve os nutrientes dos alimentos de origem vegetal de uma maneira muito mais rápida e com menos trabalho. Então, o sono ficou melhor também desde a primeira noite. Enfim, tudo melhorou”.
O que de fato o fez passar a defender a causa animal?
“A vida dá vários sinais para gente ao longo da caminhada. Começou na verdade lá atrás, quando eu ainda era criança. A gente nasce vegano, mas aí os nossos pais, por causa da nossa cultura, das nossas tradições, empurram goela abaixo carne e peixe na gente. Aí passamos a depender quimicamente. É um vício! Quando descobri que poderia viver sem carne, foi maravilhoso! Teve uma palestra que assisti no YouTube de um ativista que me ‘desprogramou’ da ‘Matrix’, do sistema que é impregnado na gente. O poder da propaganda é muito forte. A indústria da exploração animal é a que mais tem dinheiro. Então, eles mentem e enganam as pessoas. O que de fato me fez virar vegano: primeiro essa lembrança da minha infância e, depois, a doença do meu pai (diabetes). Em seguida, tive um mestre de ioga que era vegetariano e me falou muitas coisas. Quando você enxerga o holocausto animal, passa a perceber que o sofrimento dessas criaturas é desnecessário”.
Você disse que está voando e pratica vários esportes... Algum em especial que notou muita melhora e está um monstro?
"Na altinha, no futebol, na yoga, literalmente em todos os esportes. Pode-se dizer que estou um monstro pronto para qualquer parada. Rs".
Se abrir a sua geladeira agora o que encontrará?
“Feijão, arroz, tofu, abacate, maçã, limão, batata doce, inhame, couve, tomate, cenoura, berinjela, brócolis, beterraba, pepino, coco... Tem umas “gordices” veganas também, como empadinha, bolotas de queijo vegano, queijo de castanha, iogurte, requeijão vegano, queijo mussarela, shake.
O que comeu hoje?
"Nossa! Hoje comi coisa pra caramba. Rs. Vegano tem dessas coisas né? A gente come muito mais, melhor, e não engordamos com isso".
Quanta pessoas já converteu ao veganismo durante esse tempo? Alguém especial?
"Não faço a menor ideia de quantas pessoas eu converti ao veganismo. Foram muitas! Eu recebo em média de duas a três mensagens por dia. Como já estou há quase 4 anos no veganismo, então foram muitas pessoas com certeza. Alguém em especial foram os pais da minha ex-namorada. Até hoje eles são veganos, mantiveram o veganismo, e apesar de ter terminado o namoro com a filha, a gente se fala até hoje e tenho muita gratidão por eles terem a sensibilidade e humildade de perceberem".
Seus seguidores que viraram veganos te dão esse feedback. Que mudaram e se sentem melhores?
"Sim, me dão feedback e este para mim hoje é meu maior motivo de felicidade".
Alguma mensagem para os nossos leitores sobre o veganismo, em especial aos moradores da Barra?
“As pessoas devem sair da zona de conforto. Às vezes, ficamos habituados com coisas que nos fazem mal. A gente nem percebe. Já especificamente para os moradores da Barra eu digo que precisamos cobrar dos nossos oficiais, da imprensa e da política que haja um saneamento na lagoa da Barra, no Canal de Marapendi, ali na Barrinha também... É muito triste ver aquele lugar sagrado poluído como está. Sonho ver aquilo ali limpo. Que as pessoas cuidem da nossa natureza, das nossas praias, que recolham o lixo e pensem no legado para as novas gerações”.
Foto: Luiz Gama/Desbravando Rio
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O ator, na capa da nossa edição impressa abril
A reportagem no impresso...
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